“O Admirável Sertão de Zé Ramalho” celebra 100 shows com entrada franca

O musical “O Admirável Sertão de Zé Ramalho” está comemorando dois marcos importantes: dois anos em cartaz e 100 apresentações. Para celebrar, portanto, o espetáculo terá sessões especiais com entrada franca e preços populares no Teatro Carlos Gomes. Afinal, mais de 15 mil pessoas em dez cidades já viram a montagem, que celebra a obra atemporal de Zé Ramalho de forma poética. Com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Cultural, o projeto foge da biografia tradicional para focar na narrativa de suas canções.

Um recorte poético, não biográfico

Barata, que assina a concepção do espetáculo, buscou um caminho diferente dos musicais biográficos tradicionais. A ideia central não era retratar literalmente a vida do homenageado, mas sim, pelo contrário, usar sua obra artística como guia.

“Quando pensei neste espetáculo, a cena brasileira estava repleta de excelentes musicais […] Queria uma linguagem diferente. Queria, através da obra artística, abordar e fazer um recorte poético da trajetória de Zé Ramalho. E assim foi”, completa Barata.

Dessa forma, no palco, “O Admirável Sertão de Zé Ramalho” transforma música em narrativa e o sertão em um território poético. O espetáculo, consequentemente, mistura teatro, poesia e canções emblemáticas para revelar os muitos “Brasis” que habitam a obra de Zé Ramalho.

A dramaturgia por trás das canções de Zé Ramalho

Pedro Kosovski assina a dramaturgia, enquanto Marco André Nunes cuida da direção. Assim, eles constroem uma encenação simbólica, onde cada música se torna um fragmento de tempo, memória e imaginação. O objetivo, portanto, não é disputar com as letras, mas sim escutar o que elas dizem.

“As músicas revelam momentos da vida desse grande artista. Tudo é carregado de simbolismo e metáforas […] É um convite a mergulhar nas imagens que as canções evocam”, afirma Kosovski.

Além disso, o diretor Marco André Nunes acrescenta que o espetáculo reúne momentos-chave da trajetória do artista. “O espetáculo reúne fragmentos da trajetória de Zé, desde a infância até o sucesso nacional. Tanto quem conhece quanto quem está descobrindo o artista será tocado pela intensidade das experiências que ele viveu”, pontua.

Cinco atores para um Zé Ramalho

Para dar conta dessa abordagem múltipla, a montagem se divide em cinco módulos que representam fases da vida do artista. Consequentemente, cinco intérpretes diferentes se revezam no papel principal.

No módulo “Brejo do Cruz”, focado nas origens, Duda Barata interpreta o Zé criança. Na sequência, Muato vive “Campina Grande”, o despertar para a música. O terceiro módulo, “João Pessoa”, aborda o nascimento das composições com Tiago Herz.

Posteriormente, Nizaj interpreta a fase “Rio de Janeiro”, focada na batalha por espaço e sobrevivência. Por fim, Marcello Melo protagoniza “Popstar”, a consagração nacional do artista. O elenco se completa com Ceiça Moreno, Cesar Werneck, Diego Zangado e Eli Ferreira, formando um mosaico de identidades em cena.

O “Bob Dylan do Sertão”

Natural de Brejo do Cruz, no sertão da Paraíba, Zé Ramalho construiu uma obra que define a música brasileira. Afinal, ele mistura as batidas da Jovem Guarda, a poesia do cordel, o pulsar do rock e o lamento do blues com o vigor do violão nordestino.

Justamente por essa fusão única, ele ganhou o título de “Bob Dylan do Sertão”. Trata-se, enfim, de um artista que une modernidade e tradição, religiosidade e crítica social, lirismo e resistência. O musical, portanto, celebra essa potência criativa e reafirma o sertão como símbolo de invenção e força cultural.

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